Tuesday 24 February 2009

Novas tecnologias

Falar e aceitar novas tecnologias nem sempre é fácil. A novidade sempre assustou o ser humano, da mesma forma que atraiu o seu olhar curioso. São duas faces da mesma moeda que, inequivocamente, existem sempre. Há quem as defenda, há quem as condene. Mas elas continuam a surgir e, de uma forma ou de outra, acabam por fazer parte das nossas vidas.

"Final Cut" é um filme de 2004, com Robin Williams no principal papel. Trata de uma tecnologia, uma espécie de "chip" inserido à nascença nas pessoas, que conserva todas as suas memórias. O protagonista faz da edição dessas mesmas memórias profissão. Assim, cabe a um estranho decidir que momentos devem ou não ser preservados numa "Re-Memória" - vídeo que transmite os momentos da vida de uma pessoa, após o seu falecimento.


A certa altura, uma das personagens confronta o editor, acusando-o de "pegar na vida das pessoas e fazer delas mentira". A verdade é que, tanto quanto sabemos, um "chip" de memórias não existe. Contudo, não existirá, actualmente, uma profissão em que se faça o mesmo? Nós, as peritas, cremos que sim. Apontamos para o assessor de imprensa, que pretende passar a melhor imagem possível de determinada empresa ou personalidade. As ferramentas são estratégias de marketing e publicidade. Mentira será, talvez, uma palavra muito forte, por isso preferimos distorção da realidade. O assessor não mostra o político como ele é, mas como quer/ convém que as pessoas pensem que é.


Como tudo o que envolve mistério ou desconhecimento, a profissão de editor atrai paixões, ódios e dúvidas. Uma criança que durante vários anos foi maltratada pelo pai, vê, após a sua morte, a sua mãe entregar todas as memórias e vivências do falecido nas mãos de Allan (Robin Williams) coloca-lhe a seguinte questão "Vais arranjar aquilo de que o meu pai se lembra?". Mais uma vez, o tema é a manipulação e o que a ele se impõe são questões éticas. E será que há alguém, hoje em dia, que possa também "arranjar" aquilo que vemos? Aquilo que conhecemos? Claro que sim. Como peritas, achamos que, em última análise, até uma foto é uma escolha. Uma escolha do fotógrafo, mas uma escolha. Se tudo depende, em alguma medida, da subjectividade do seu autor - foto, texto, vídeo - então, não vemos o real, mas o real que alguém escolhe. Sabemos, porém, que sobretudo nos media, essas escolhas não dependem exclusivamente dessa subjectividade, mas de uma agenda mediática, do que interessa ser visto, do que vende. Se algo não está nos media, lembramo-nos disso? Não. Provavelmente nem tomamos conhecimento de que existe - casos Timor e Tibete. Resta-nos, portanto, agradecer a todos os media que existem, e que nos permitem, não só saber, como, em alguns suportes, manter o que sabemos - jornais, livros, blogs, - mais facilmente do que noutros.


É por isso que nós, as peritas, estamos sempre por aqui!


Keep in mind

"Nem tudo o que vem à rede é peixe, tem que ser tubarão",

R., L. e M.

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